-Para de besteira Vini! Não fala isso. – Você estava arrasada, nunca que iria imaginar o Vinícius nesse estado. – Você é o meu melhor amigo e nada nem ninguém irá nos separar. – Ele abaixou a cabeça e começou a chorar. Você não estava entendendo nada, colocou suas mãos no rosto dele com o objetivo de fazer ele te olhar, mas não adiantou, ele negou e te abraçou.
~Você on~
- Eu – ele deu uma pausa - Eu vou... Não dá, não consigo te falar isso. – Ele se afastou.
- Isso o que? – Perguntei confusa e preocupada, nunca tinha visto o Vini assim. – Vinícius, fala. – Tentei mais uma vez, ele sentou na calçada (sim estávamos no meio da rua ainda), passou as mãos no cabelo, olhou pra mim com o rosto cheio de lágrimas e continuou:
- Eu vou morrer (SeuNome). – Ele abaixou a cabeça olhando para o chão. Uma sensação estranha tomou conta de mim, um frio percorreu todo o meu corpo, por um momento minha respiração falhou, eu não acredito que ele disse isso. Eu só posso ter ouvido errado ou então... Ou então ele só está me testando. É, ele só está me testando. Na hora que eu iria falar ele me impediu.
- Tenho câncer. Já está avançado e não tem mais jeito. Tenho apenas uma semana de vida. [...] Sabe quando você toma um choque de 220V? Fiquei sem reação. Vários flashes de nós dois vieram em mente como em um filme. Ele não poderia estar brincando. As tonturas, saídas inesperadas, desculpa de não poder sair, faltas na escola, ligações não atendidas... TUDO FAZIA SENTIDO agora. – Sabe?! Meu maior medo não é morrer. – Eu o encarei. – Meu maior medo é te perder (SeuApelido).
Eu realmente não sabia o que falar, apenas desabei, tudo ao meu redor começou a girar, eu estava ficando tonta e com falta de ar, só conseguia ver o Vinicius chorando em minha frente, o abracei e fiquei desejando que o mundo acabasse naquele exato momento, queria esquecer tudo, todas nossa brigas, todas as vezes que ele passou mal, as últimas palavras que ele havia dito...
Ficamos ali abraçados na calçada por um bom tempo, todo o meu foco no mundo se cessou, os sons dos carros passando pela rua, aquelas pessoas que andavam de um lado para o outro conversando e rindo, aquele conseguiu ser o pior dia de minha vida e eu não podia fazer nada parar mudar aquilo, talvez fosse um dia bom para as pessoas ao meu redor que riam e se divertiam trocando mensagens pelo celular, mas elas mal sabiam que a poucos metros de distância o mundo estava se acabando.
Agora só se escutava soluços vindo de mim e dele, o tecido da minha blusa estava toda molhada no ombro pelas lágrimas do Vinicius e tenho certeza que o dele também. Afastei-me um pouco e olhei para seus olhos, um olhar vazio, seu rosto apagado, aquele realmente não era o Vinicius que eu conhecia. Percebi que algumas pessoas que andavam pela calçada nos olhavam, me levantei e logo em seguida o ajudei a se levantar. Fomos para casa, para a sua casa, não havia ninguém lá, as luzes estavam todas escuras, mas não nos demos o trabalho de acendê-las, fomos para o quarto dele no meio da escuridão, chegando, o Vinicius se soltou dos meus braços, só escutei o barulho da cama rangendo, ele se deitou, peguei meu celular para iluminar, me sentei no chão ao lado de sua cama e bloqueei o celular, agora não havia luz nenhuma, fiquei escutando a respiração dele enquanto dormia e chorando baixinho para não o acordar.
É, sem sombra de duvidas aquele era o pior dia da minha vida.
___________ To Be Continued____________